O nosso colega Pedro Cardoso, trouxe-nos para mais uma "Conversa sobre liberdade, conversa em Liberdade", um militar de abril bem conhecido: o major (atualmente coronel) Mário Tomé.
Mário António Baptista Tomé, nascido em Estremoz, em 1940, (portanto hoje com 84 anos), frequentou a Academia Militar onde entrou em 1957 e participou na Guerra Colonial Portuguesa, tanto na Guiné como em Moçambique, entre 1963 e 1974, num total de quatro comissões. Tornou-se uma figura importante no Movimento dos Capitães, que concretizou o golpe de estado de 25 de abril de 1974. Após a revolução, Mário Tomé ocupou vários cargos políticos de destaque, nomeadamente como Secretário-geral do partido União Democrática Popular (UDP) entre 1987 e 1995, chegando a ser Deputado à Assembleia da República entre 1979 e 1983 e entre 1991 e 1995, por esse partido. Para além deste ativo papel político, Mário Tomé, tem-se mantido ao longo dos anos como uma figura conhecida e reconhecida pelas suas posições críticas e pela defesa da democracia e da justiça social.
E foi esta a conversa que Mário Tomé nos trouxe, primeiro para duas turmas de 7º e uma turma de 8º, um público mais difícil e desatento, e depois para uma turma de 9º ano, mais reflexiva. Soube adaptar o seu discurso aos alunos concretos à sua frente, fornecendo algumas informações sobre os acontecimentos do 25 de abril de 1974, as condições decorrentes do colonialismo e da ditadura, mas sobretudo reforçando a ideia de que, ontem como hoje "sem paz não há liberdade".
Envolveu todos no seu discurso, referindo que "temos de pensar o que temos de fazer para haver paz e liberdade, que estão muito ligadas", ou ainda "A importância da nossa conversa é vocês serem informados e tentarem informar-se do que é que foi a ditadura, o colonialismo" (...) "Têm de entender o que é adequado aos vosso interesses, o que querem para o vosso futuro" (...) "e saber o que se passou, entender aquilo que nunca mais pode voltar.. que há aí muita gente a querer voltar atrás". Depois deu a palavra aos alunos, insistindo para que colocassem as questões que quisessem. E surgiram de facto várias questões: "O que fez no 25 de abril?"; "As escolas, as regras da escola, eram muito diferentes de hoje em dia?"; "Falava-se de sexualidade nessa altura?; "O que acontecia se encontrassem um casal de gays ou um casal de lésbicas nessa altura?"; "O que era a PIDE?"; "O que foi o Estado Novo?". Mário Tomé não se escusou a nenhuma questão, valorizando todas elas como reflexo das preocupações dos nossos alunos, reforçando sendo a importância da preservação da liberdade, da justiça social, da igualdade de todos. Esclareceu alguns conceitos como Estado Novo, por exemplo. Chamou a atenção para o facto de, sendo essa a designação criada por Salazar para o regime político que criara, parecendo evocar inovação, foi, na realidade, uma ditadura de cariz fascista e é como tal que o devemos referir.
Para uma biografia mais completa de Mário Tomé:
https://www.cd25a.uc.pt/pt/page/1899
https://www.esquerda.net/artigo/mario-tome-o-grande-resistente/65537
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